domingo, 11 de março de 2012

Outra Estação


Agora a chuva cai... E com ela vem chegando a nostalgia dos outonos de minha essência.
Começo a sentir vontade de aquecer o coração e sinto saudade de quando o amor era o fogo benéfico que incendiava minha vida. Aqui dentro deste quarto solitário eu começo a me questionar se esta estação será diferente... Se o universo lá fora irá sorrir para mim...
Será? Eu quero!
Fecho os olhos e sinto brisas leves tocarem meu rosto e vejo pétalas de rosas caírem dos céus... Ouço o som das arpas angelicais! Vejo seus olhos radiantes vislumbrarem os meus e eu posso sentir seu toque, suas mãos suaves, seus lábios... O encanto traduzido no tom de sua voz.
É muito mais que divino pensar em você e em tudo o que representas à minha existência. Me sinto viva... Esta ânsia de viver tem seu nome... Nome desconhecido, mas que eu sei que em algum lugar está lá, me esperando e que também não sabe o meu nome... Entretanto ele também se lembra de mim!
Sua lembrança me faz bem, assim como aumenta a vontade de ser cada vez melhor, pois para você eu tenho guardado as mais belas palavras, poesias, os mais nobres perfumes e a parte mais afável de minha alma. Quero lhe dar meu coração, quero alcançar o céu e oferecê-lo... Passar a noite ao teu lado apenas para apreciar as estrelas e num momento único, sairmos da realidade  do tempo, viajarmos, então posso lhe dar também o universo com todas as suas belezas planetárias... Viveremos constelações de amor, onde nada será impossível...
Segure em minhas mãos... Venha comigo, eu não quero acordar deste sonho!
Vejo que renasci... Eu quero lhe amar, já é tempo!
Abrace-me forte, nenhuma cicatriz do passado irá doer mais! É a nossa vez... Deixe-me entrar, vamos escrever nossa história sincera de felicidade. Deixe-me levar para o seu jardim as flores que colhi no meu... Deixe-me acariciar seu rosto, nós já conhecemos a dor, superamos em nossas individualidades, e agora é a nossa hora!
Desperto...
O dia está acabando a noite já é um fato aqui em minha alcova vazia, porém eu continuo a suspirar desejando que os dias me tragam realidades diferentes no fim destas tardes, amanhã... Onde o amor não será mais um cárcere em meu peito, mas sim, sorrisos de liberdade na companhia do sentimento que agora bate em minha porta!

- Entre... Há muito tempo eu lhe espero!
***
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domingo, 4 de março de 2012

Aquele Olhar


Para o mundo nós dois nunca daríamos certo... Mas o meu coração e minha alma não são deste mundo, logo o certo e errado são apenas representações de conceitos padrões que alguém um dia ditou... Para mim, a única coisa que realmente importa é poder lhe abraçar nesta noite com toda a pureza de minha existência, sem medos de amanhã!
Eu nunca acreditei que pudesse sentir isto novamente... E estou aqui, olhando para o teto, com calafrios pelo corpo lembrando de seu olhar!
Se for um sonho a sua lembrança eu não quero acordar... Se eu puder tocar seu rosto, quero eternizar... Fecho os olhos bem forte como uma criança desejando profundamente algo e digo:
-  Eu quero que seja real!!!

... Céus, isso é divino!

***
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domingo, 8 de janeiro de 2012

17/12/2011 - 04h36 - Pensamentos


Noite clara... Lembrança intensa e vaga a procura de determinada alma que neste momento tão distante está... No céu uma lua brilha acendendo uma chama interrogativa em meu peito.
Será que estou sentindo saudade?
Queria estar com ele agora... Gosto de suas palavras, de suas ideias... Gosto mais ainda de seu jeito rude e impiedoso escondendo a personalidade mais doce e sutil que já conheci na vida!
Sua sensibilidade é aderente ao que sinto e a tudo que um dia desejei pra mim, como mulher e principalmente como ser humano. Senti-me uma pessoa melhor o tempo que pude estar do seu lado... E de repente senti vontade de ser diferente ou de agir de outra forma. Queria ter dito como me identifiquei contigo e como tenho certeza de que você é alguém importante e especial... Mas ainda tenho medo.  Você é tão convicto bem como eu. Entretanto não sabemos de nada!
Somos parecidos. 
Não quero me assustar... Já estive morta tantas vezes, senti meu coração parar de bater me tirando o folego a perder de vista e ainda continuo aqui. Passo por isso agora sentindo meu corpo e minha alma metamorfosear... Lido de uma maneira até que louvável, porém ainda é complicado entender a razão e as escolhas de alguns seres que assim como eu passam neste mesmo instante pela modificação global de suas estruturas. 
Vou saindo do casulo assim como a cada segundo que passa mais alta fica a lua.
Você mexeu comigo e com minhas verdades. Mas parece que não aconteceu o mesmo contigo. Ainda não consegui captar esta energia.
Queria que fossem reais as coisas que penso e sinto!
Novamente voo no querer de sua companhia esta noite. Mais uma vez e que não fosse igual... Que você pudesse se entregar, se permitir, deixar com que seus sentidos o levasse ao êxtase que seu corpo necessita unindo-se ao meu.  Ando desejando possuir-te com vinhos e palavras que não puderam ser ditas por conta de nossa inercia tradução de traumas passados.

Ando querendo, ver teu sorriso tímido e equilibrado numa noite de lua ou com chuva em um campo verde e florido... Abraçar teu corpo forte mordê-lo, arranhá-lo... Descobri-lo. Vislumbrar seu olhar profundo e verdadeiro... Desvendar o segredo de tua sublime alma... Insanamente sã. Sentir-te pulsar e febril... Tua voz calma... Teu nome!
Lembrar de você queima-me o ser de desejo. Você é o próprio desejo, o maior dos meus neste momento! Ando lírica por sua culpa, você tem transformado as horas em poesia... Prosa, sobre aquilo que há algum tempo vem se tornando desconhecido em mim.
Será que estou enganada sobre tudo isso? Delírios? Estou entre essas possibilidades... Entre os extremos. Sou o extremo e você também é... Somos o caos. Caos de nós mesmos!
Eu perdi o sono pensando em você e em o que poderia ser disso. Eu quero perder o sono com você e não com o seu espectro. 
Deixe-me mais uma vez perder-me em ti. Deixe mais uma vez histórias serem contadas com a fusão de nossos lábios.
Deixe que nossas almas se encontrem em outros níveis vibratórios. Deixe que minhas mãos toquem e acariciem seu o rosto cansado das dores da vida, das injustiças, das perguntas sem respostas ou das respostas incrédulas... Deixe-me adentrar... Enfim... Deixe-me amar-te! Nem que seja unicamente enquanto a lua estiver acima de nossas mentes.
Infinito eu em nós... Liberdade!
***
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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Ensaio Sobre o Nada


Ah!... Doce solidão, vazio que preenche minha essência e me faz continuar ser e não o contrário!
É singular, ama na medida certa e é louca em demasia.
Eis que sou.
O caos traduzido em poesia, sob surtos de intensidade divinamente diabólica... Eu gosto de seu caminhar e de como sinto o seu suspirar em minha pele recitando os momentos em que estou em você e vice-versa. Somos um, perdidos na imensidão inexistente e inerente a qualquer movimento conhecido. Somos um e nossa dança é única.
Sozinha eu me sinto ofegante... Sozinha eu sempre estive e talvez permaneça, pois ninguém conhece este universo infinitamente solitário e ninguém se interessa em conhecer, é pavoroso, mas é onde estou... Se puder decifre, se não, fique onde está... Não se aproxime agora que sou forte.
Quero rolar neste chão de lágrimas e soluços contemplativos misturados a risos, lembrando de quando me sentia viva e meu corpo ainda era quente... De mim e daquele sorriso verdadeiro, resta o vurmo e a pele gélida que sonha quem sabe um dia ser tocada por uma faísca que seja para que então possa reabrir os olhos e se encantar com algum lábio que lhe devolva a vida!
Creio que sinto saudades daquilo que de fato nunca existiu. Nunca verdadeiramente foi e de repente nunca será... As caminhadas são desconexas e vai ser assim para sempre... Ando na ponta dos pés entre o inferno e a calmaria; só um abraço e uma bebida forte resolveria nada mais.
Entretanto, eu quero ficar aqui... Vá e deixe com que eu me jogue contra este vento traiçoeiro que me seduz... Quem sabe não nos encontremos na próxima cremação de nós mesmos!
Que você esteja radiante e eu com mistério no olhar... Mas que estejamos sós... Perdidos dentro de nossas realidades maravilhosamente febris... Projetemos nossas posses em delírios de uma noite, para que quando volte o dia, sejamos livres, caminhando em sentido inverso buscado nosso ego... Solitários, ridículos... Incrédulos humanos.
Saio do plural e volto ao que sou realmente. Olhando para o teto branco, inerte e alheio... Circular, cíclico. Entre brinquedos, letras e cigarros!
 Reduzo-me ao fazer parte disso tudo. Uns chamam de vida, eu chamo de morte superficial.
(...)

***

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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Afirmações


E muito mais forte que a vontade de estar só, é o desejo de sentir-se bem com as pessoas e com o mundo como um todo, mas torna-se tão difícil quando o assunto são pessoas e suas atitudes.
Começar assim com um discurso cabal como este é no mínimo uma tragédia e devo confessar que não é nada diferente do real, dos dias e horas incongruentes aos quais os deuses permitem essa minha existência passar.
Quando você pensa que tudo caminha em tapetes de primavera, vem a irracionalidade humana gritar na sua cara que muito em breve virá o outono anunciar o inverno e que certamente todos os bons momentos vividos em épocas de verão, irão ficar somente na memória ou mesmo serão esquecidos para o todo sempre. O simples fato de impor sua personalidade e limites às pessoas que estão ao seu redor é sinônimo de agressão, é chocante, faz chorar... Abala os olhos daqueles que só querem o seu bem.
Hoje eu quero expandir como tantas outras vezes fiz aqui nesse espaço que parece ser o único ao qual necessariamente pertenço... Minhas ideias, loucas transcrições de meus sentimentos, que se dividem em inúmeras partes de mim mesma para uma escutar a outra e então alcançar algum entendimento por mais vago que seja, sobre si, sobre os círculos e os acontecimentos pintados de beleza trágica, sempre envolvendo pessoas e suas atitudes por vezes tão nobres e ao mesmo tempo tão cruéis.
Relacionar-se; eis o grande problema da humanidade. Seja em amizades ou em qualquer outro relacionamento mais intimo, porque as pessoas teimam em ser responsáveis umas pelas outras? Já não basta o fardo da vida que foi-nos dado ao nascer de caminhar e cuidar de nossos passos, porque querem sempre cuidar também do passo alheio? Maldito sentimento maternal jogado aos homens céus! Apoiados nesta defesa de querer bem e cuidar do próximo perdem-se o respeito à individualidade e aos limites que cada ser humano tem, em consequência vem a discórdia e a ignorância de quem preza acima de tudo pela liberdade integra, que muitos lutaram tanto tempo para conseguir, como é o meu caso.
Talvez eu seja mesmo uma das personalidades mais estranhas que já se possa ter conhecido na face terrestre e não discuto isso com ninguém, entretanto sou muito lúcida quando o assunto é imposição de si próprio. Sou o que sou e diferente disso, não sou! Caminhei por muitos céus e infernos, assim como os contemplei, para enfim chegar à conclusão que todo ser está e eternamente ficará sozinho no universo, viemos ao mundo e desde o principio fazemos nossas escolhas; se vamos querer o peito materno, se preferimos doce ou salgado, vamos nos apresentando ao universo e afirmando aquilo que somos e queremos para nós. Somos pássaros e quando voamos assumimos nossas próprias responsabilidades sobre nossas escolhas. Cada um faz a sua e ninguém tem nada a ver com isso. Se hoje eu achar que o melhor para mim será atear fogo em minha cabeça é isso que me fará bem, se amanhã me arrepender disso, exclusivamente e indiscutivelmente é uma questão a ser resolvida comigo, pois faz parte de minha individualidade, eu escolhi voar sozinha, eu escolhi viver por mim e não por ninguém, assim como não quero que ninguém por mim viva.
Grandes amizades e relacionamentos vão por água a baixo, única e simplesmente pelo fato de as pessoas terem esse maldito hábito de se sentirem responsáveis pelos outros, não respeitando suas particularidades e escolhas. Eu nesta noite lamento por isso. Lamento muito mesmo. Mas prefiro morrer sozinha a estar repleta de amigos e pessoas me dizendo o que fazer e o que será melhor eu fazer, ainda que isso diga respeito a demonstrações de carinho e afeto e não julgo este modo de agir e pensar, todo mundo tem o seu. Porém escolhi a misantropia dos cigarros e muito café para minhas madrugadas e gosto disso, acredite; eu sou assim!
 Assumir isso para minha vida confesso que não é tão simples como parece, mas é o que me faz sentir bem... E aqui devo colocar em nota o que sempre digo, não é tão fácil assim ser meu amigo e nem tão pouco preservar a amizade em virtude da convivência com este meu ser, é que eu me vejo livre e pronta para voar para qualquer direção, eu não me apego a nada e nem a ninguém que não seja os meus devaneios que quase sempre são secretos, irreveláveis... Não tenho geografia... Eu não acredito muito nisso!
Assumo meus erros e por mais que não pareça eu amo todas as pessoas por quem de certa forma me dedico... Mas não sinto em dizer que ainda que eu os ame, não interfiro em suas vidas por não querer que façam o mesmo comigo... Afasto-me, levanto e vou embora mesmo... Deixe-me... O meu jeito que gostar e amar as pessoas é muito singular... É peculiar.
Ser amigo é aceitar e respeitar as escolhas alheias, sem repressões ou lições de moral desnecessárias, pois acima de tudo cada um é dono de sua própria verdade e a desenha como achar melhor, seja indo à igrejas orando pela paz mundial ou caindo bêbada em um boteco qualquer. Cada um, dono de sua própria verdade.
Entretanto não me espanto... É apenas mais um de meus fins. Nem o primeiro e possivelmente não o último. Apenas mais um fim.
 ***
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domingo, 9 de outubro de 2011

Estranha Verdade

Mais uma vez eu sinto a vida passar. Compulsivamente descontrolada ela vai caminhando com passos redundantes em gigantescos pontos de interrogação, guiados por vozes desconhecidas e impulsos desconexos de essência.

Dia-a-dia vejo o sentido das coisas sumirem como o ar que nunca vi, mas que sempre me disseram existir... São as frações de segundos que diminuem as minhas possibilidades e também seduzem a minha alma que vez ou outra sente calor ou frio afirmando a razão de sua existência. Todos querem isso de mim... Todos querem isso de todos!

Ninguém tem satisfação com a sua página escrita! É como se o universo não pudesse mais dar conta de nenhuma história... Toda situação é contornável, as medidas são paliativas e cheias de máscaras que dão a arte e beleza de toda a peça conhecida por alguns como vida, vai ver é isso mesmo.

Nada é tão bom e nem o inverso para ser eterno. A realidade é paralelamente morna e faz tudo durar o suficiente dentro deste pequeno minuto que convertido em horas resplandece este agora luminoso ou quem sabe dolorido, o que causa uma vaga lembrança depois, então ficamos engrandecidos com a proposta de superação, tornando belíssimo o intuito... Porém eu não me engano, é somente estético!

Sufoco-me, olhando para os lados surreais de todas as dimensões e percebo que ninguém ouve e nem vê nada! Estão livremente perdidos em seu próprio espaço! É uma morte relativamente abstrata... Isso é um clichê tão discutido e vomitado entre as mentes que fingem raciocinar algo e que no fundo não passam de meros hipócritas de si... Verdades alheias... E quando comecei a pensar nisso; eu só queria dormir!

Acontece que nenhum sono é tão compensador como a intriga de uma taça de vinho e cigarros nojentos! Nenhuma companhia é mais agradável que as projeções da mente e a desta música que se repete como a última dança que fiz com o homem que acreditei me amar tem alguns anos! Significou muito para mim durante tanto tempo, de repente passa ser apenas mais uma cova pela qual passei e deixei cair uma rosa! Sei que aquele túmulo está lá, entretanto eu já não quero mais visitá-lo, ainda não me engrandeci com a beleza da superação, porque talvez o túmulo seja eu mesma!

Penso em outros planos, linguagens e meios para descobrir internamente o melhor de cada ser que convivo, lá estão eles; com suas biografias trágicas destinadas a sorte revés de outros suspiros vitais. Em outras palavras todos estão parcialmente mortos e artificialmente vivos! Brindam e festejam a idiotice da alegria superficial em noites doentias, regadas de vazios espasmos identificados como risos.



Mas isso é a certeza do nada traduzido em caos... E eu perguntei a um transeunte o que ele realmente queria e esperava da vida já no auge de seus trinta e poucos anos, ele não soube responder, apenas franziu a testa num tenso suspiro! Deu para entender e descobrir a medicação daquela falta de ar...

Se em todo o universo existir uma receita para a tão sonhada felicidade idealizada intimamente por cada um, esta só pode ser descrita em um único principio ativo; eu, você, nós... Com doses a cada hora de comando e ação sobre nossas verdades!
***

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domingo, 2 de outubro de 2011

Sem razão

Eu estou em um vão... Talvez também esteja vã!

Caminhos intermináveis que muitas vezes mostram algo interessante, mas quando você finalmente chega ao ápice descobre que deseja sempre mais. Não sei como explicar, pois tão pouco sei o que é, e na verdade ninguém sabe!
A ilusão é um precipício chamado decepção, é profundo e dolorido... Muito colorido no início, mas acredite, é puro suicídio. A solução?

- Viver, errar, entender. A realidade.

Uma doce e insana maldade, mas que pode muito bem ser totalmente alegre e colorida se quisermos aprender a olhar não apenas para as dores e feridas.


Mais uma bebida?


- Cuidado! O álcool é um delicioso atalho para descobrir quem verdadeiramente és.

Mais uma vez cuidado! Atalhos cedo demais, podem doer muito.

Olha, são apenas palavras, o que tem de mais? Reze em segredo e siga o seu caminho.

... Assim é a vida, gente desconhecida que nos faz rir. Amanhã é sempre outro dia. Portanto será sempre amanhã.

Hoje é sempre agora e o único momento que realmente tenho, pare de me procurar em dias que ainda não amanheceram!

Ressaca!

Bela resposta para uma noite sem perguntas.

Sabe, eu quero mais é que a água percorra teu corpo por inteiro, masculino e viril... Com muita bebida, mas sem ressaca e de preferência todo molhado!





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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A Caça

Mais uma dessas noites em que eu não esperava nada, eu nunca espero nada da noite e nem de ninguém exceto os devaneios, a loucura de duas garrafas de vinho e um pouco de insanidade em algum canto dessa cidade indecente que amo. Já era tarde quando eu resolvi sair à caça de alguma coisa que me causasse gargalhadas sobre uma vida repleta de hipocrisia, então encontrei uma amiga, sentamos em um desses bares que servem bebida barata e é cheio de pessoas que querem sempre mais, confesso que isso me atrai despertando uma forte vontade de cruzar as pernas e ficar observando as peculiaridades do ser, é engraçado e nada construtivo, mas no mínimo te faz perceber como a humanidade é tosca e como as atitudes são todas baseadas em algum tipo de interesse, seja ele verbal, físico ou mental, todo mundo unicamente quer satisfazer suas próprias necessidades!
Na alta madrugada tudo acontece desde um alto grau de embriaguez a um olhar masculino que te induz a começar a ver as coisas de uma forma mais lasciva, eu estava exatamente neste nível quando um amigo conhecido chegou acompanhado de outros dois que a mim eram desconhecidos, um destes fez crescer meu interesse por uma sacanagem qualquer, mas a noite apenas começara e o jogo do flerte também, ali ganharia quem soubesse aproveitar cada instante da perversidade causada por mais um gole... Foi o que fiz, pedi mais um drink.

O estilo do cara era o meu número, casaco de couro, boina na cabeça e muitos comentários sacanas... Ao mesmo tempo ele deixava escapar detalhes que expressavam medos e dores secretas e aquilo o fez meu objeto de desejo temporário... Mas você sabe, depois de tantas doses e também por culpa dos monstros do passado, agressivamente eu tratei aquele ser ao qual eu estava desejando tanto, porém seu bom humor além de me matar de rir, não conseguiu ser afetado pela minha amargura!

Ele queria saciar-se, assim como eu, mas ao fim daquela noite eu recusei sua companhia e tão pouco beijei seus lábios para me despedir! Ele foi para um lado e eu para outro, a única coisa que tenho é seu telefone, com certeza nem de meu nome ele lembra, porém alguma coisa em mim ficou! Eu não sei o que é... O que sei é que a cada segundo que passa minha curiosidade é aguçada pela vontade de mais uma noite poder encontrá-lo e fazer um final diferente sem muitos dizeres e mais respiração ofegante... Sem tantas gargalhadas e sim sussurros ao pé do ouvido, unhas e línguas cantando uma música chamada - prazer.

É meu querido, se meu instinto lhe encontrar por aí, podemos otimizar nossas musculaturas unindo elas numa dança de contrações causadas por arrepios e toques de perversões, o que você acha?

Unicamente sei que entre uma dose de whisky, a necessidade vital e o desejo de um intenso suspirar de gemidos e suores corporais é que espero possuir-te!
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domingo, 31 de julho de 2011

Dor da Própria Dor

Dor...


Dor do peso...

Leveza...

Dor do nada.

Da vida

De respirar...

Dor de existir e caminhar.

Dor do pensamento... Do medo e do tempo...

Dor de sorrir! Mentir!

Dor a acariciar e a agredir... Falar ou aplaudir, esta tão ridícula dor resumida em simples suspiros insanos ousados de pura inércia... Cheios de intenções obsessivas querendo prazer travestido de dor! Única dor, somente dor, o que ainda a alma dormente e já sem vida insiste em transmitir para o resto do corpo e a traz até no respingo de suor do rosto...

Eu sinto correr sangue nas veias... Sim! Gelado e com muita dor!

Dor de sobreviver... Da felicidade!

Tudo dói... Tudo é esta maldita dor andando a frente e ao lado do espectro vivente que tem meu nome...

Dizem que sou “eu”... Mas “eu” digo que sou dor!

Outros dizem que tenho talento, carisma, dons... Entretanto eu só quero ter menos insônia e quem sabe, entender o que é que dói mais: a dor de estar sempre cheia, ou do veneno corrosivo chamado VAZIO!

Mas quem se importa com isso?

Então gire... Gire vai? ... E gire rápido roda gigante! Eu quero ver o céu, as estrelas e quero principalmente ouvir o vento dizer que a dor intensa da vida jamais terá cura, portanto acalme-se transeunte; faz parte do caos... É a dança constante do fim!
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domingo, 12 de junho de 2011

A Dança da Vida Traduzia o Amor

A única certeza que tive e que continuo tendo perante a caminhada cíclica chamada vida, é que além de a chave permanecer eternamente com ele, o sentimento existente em mim sempre foi o que de mais puro eu já experimentei.

Foi com esta convicção que consegui superar todas as situações e algumas angústias que em determinados momentos me visitaram. Carregando a boa saudade é que continuei, lutando por mim e pelos sonhos que um dia sonhamos juntos... Nunca mais nos vimos e nem tão pouco falamos, eu apenas o sentia muito perto de vez em quando e em minhas horas diárias de sono nos encontrávamos e conversávamos longamente, desta forma nunca precisei perguntar a nenhum de nossos amigos em comum, para saber como ele estava, pois eu sempre soube mesmo a distância. Por muitas e muitas vezes senti e compartilhei suas dores e angústias, mesmo que ele não tivesse ideia que isso acontecesse, mas eu sempre estive ali para lhe enxugar as lágrimas e lhe dar um afago em seu travesseiro, nas sextas-feiras, sábados; finais de domingo e todos os dias que lhe pareciam monótonos em seu leito solitário, ou mesmo aqueles dias em que esteve junto de tanta gente, com tanta festa e diversão, porém em nenhum momento sentiu-se acompanhado. Era como se minha alma acompanhasse Dimitri por onde fosse, e confesso que lidar com esse tipo de situação não é lá o tipo de coisa mais agradável a um ser humano, mas aos poucos me acostumei e de uma forma ou de outra minhas energias boas sempre foram bem direcionadas quando ele precisava.
Em minhas percepções, estudos e pensamentos, escutava algo marcante e que a mim soava com tanta expressividade e certeza: tudo tem dia, hora e lugar, e tudo que é puro, como a energia vital, nunca morre, fazendo que os caminhos se cruzem como a única verdade humana!
Uma teoria sim, porém com muito fundamento reflexivo, por qual me perdi em muitas horas enquanto o tempo e a vida aconteciam fora de meu portão.
Entendi que minha relação com Dimi, era algo muito além da matéria... Não eram nossos corpos, eram nossas almas que se amavam e isto explicava tamanha sintonia mesmo com tanto silêncio e distância. A nossa história era muito mais antiga do que um dia imaginamos, saber disso, me acalmava um pouco e me fazia crer no tempo.
Em meu jardim eu cultivava um vaso de flor, que há muito tempo não florescia e em um dia comum, quando acordei percebi algo diferente naquele vaso que há tanto tempo estava impotente, era um novo ramo de flores brancas, perfumadíssimas que irradiavam minha casa, senti algo diferente como uma felicidade inesperada, calma magnifica... Era como se os anjos estivessem em lindas sinfonias aos meus ouvidos... Feliz, tomei um bom banho naquela manhã, me vesti bonita e confortavelmente e no decorrer de meu dia, aquela sensação gostosa só aumentava.
Meu telefone tocou no final da tarde daquele dia inexplicável , era um número restrito, quando atendi e disse alô, ninguém respondeu, ficou mudo, escutando eu falar, meu coração começou a disparar e passei várias horas com aquilo na cabeça... Ao chegar em casa a noite e depois de ter arrumado tudo já ia me deitar e agradecer pelo final de mais um dia, mas resolvi abrir meu e-mail, que quase sempre é lotado de propaganda e nada que se aproveite, porém naquele dia havia algo diferente na caixa de entrada, perdida entre tantas inutilidades estava uma mensagem de um remetente desconhecido que dizia: - Me perdoe pela falta de coragem, gostaria apenas de dizer que foi bom escutar sua voz... Não vou mentir isso está se tornando cansativo, às vezes penso em você e em como você está! Espero que bem! ASS: ”Seu Fã”.
Como um bom ser humano – desconfiado e imperfeito – que sou a primeira pergunta que fiz foi “será?”... Já fazia quase três anos que esperava receber uma mensagem desta, seria milagre demais, o que eu pensava ser impossível; acontecer agora? Resolvi não dar importância e minha dúvida racional não me deixava crer que pudesse ser ele... Pedi aos céus um sinal e em meus sonhos estava Dimitri, contando que sentia saudades de nossos papos, risadas e contemplações, me abraçava tão forte e meu sorriso era mais radiante que o sol que brilhava ao fundo daquele cenário de paz surreal que reinava em minhas projeções... Ao despertar novamente me questionei e entendi que nada mais era que um sonho, mas desejei do fundo de minha alma que tudo aquilo fosse real.
Os dias foram passando, e mesmo sem acontecer nada a sensação que senti naquele sonho continuava! Parecia que minha vida tinha adquirido a leveza e o perfume da plantinha que ficou tanto tempo sem florir e que agora estava radiante! Ao tomar consciência disso, tive certeza da autoria da mensagem de remetente desconhecido – Dimitri. Meus olhos lacrimejaram e a emoção que de mim tomou conta foi imensurável, senti meu coração brilhar cintilante juntamente com a presença fortíssima dele perto de mim... Seu toque novamente e seu suspirar em meu peito... Já não restava dúvida; a hora chegou!
A principio eu não sabia como agir, mas com a mesma certeza que tive de que este dia chegaria , eu tinha agora para aceitar que seria guiada para o melhor caminho. Inesperadamente no dia seguinte, encontrei Dimitri na rua, ficamos assustados ao nos ver, mas mesmo assim nos abraçamos ainda que na defensiva não demonstrando o que sentíamos, mas eu sabia de tudo e certamente ele também. A situação era compreensível, nesta época Dimitri namorava e eu também tinha alguém especial em minha vida, mas eu sentia que aquilo tudo que estava acontecendo era o início de uma reaproximação linda.
Estes encontros repentinos começaram a ser frequentes e começamos a trocar e-mails, conversando sobre as coisas amenas da vida rindo de tudo, e comigo ele compartilhava de algumas situações particulares com as quais eu me identificava por também viver coisas semelhantes.
Havia começado uma temporada de concertos em um grande teatro no centro da cidade e em certo dia, eu o convidei para assistir a uma orquestra maravilhosa, pois sabia que Dimi apreciava muito a boa música, resolvi convidá-lo como uma boa companhia de bons amigos que havíamos nos tornado nos últimos tempos. Para minha surpresa maior, Dimitri aceitou e no dia combinado lá estávamos nós. Tudo estava lindo, o repertório, a companhia, iluminação, o som... Só um detalhe incomodava – o silêncio de Dimitri.
Saímos do teatro e fomos caminhando pelas ruas vazias do centro da cidade, fazia um pouco de frio naquela noite... Na realidade eu não sabia ao certo para onde estávamos indo, apenas andávamos em silêncio. Vai ver iriamos a algum barzinho sentar um pouco ou comer algo. Mas Dimitri estava muito quieto e eu não conseguia captar seus motivos visto que a pouco estávamos em um momento de sintonia e êxtase depois da orquestra. Fiquei calada também e comecei a curtir o clima...
Em meus pensamentos rodeavam cenas como as de nosso primeiro encontro há três anos atrás... A timidez, a vontade reprimida dos dois, as dores do passado expostas um ao outro, regadas de nostalgia e contemplações... Naquele momento tudo parecia se repetir ainda que em outro contexto, mas com as mesmas intenções... Diante de todas estas recordações que em minha mente passavam como filme, quebrei o gelo e iniciamos um diálogo:
Eu: - E aí Dimi? Curtiu o espetáculo?

Ele – Claro que sim, muito obrigado por me convidar, eu adorei!

Eu: Que bom... Fico feliz!

Novamente o silêncio pairou no ar, porém alguns minutos depois foi Dimitri quem indagou:
- Cecilia, você tem raiva de mim?

- Claro que não! E porque eu teria?

- Ah! Não sei... É que aconteceram tantas coisas com a gente no passado... Eu achei que...

- Para cara... Pode parar! Eu já superei tudo, não penso mais nas coisas ruins só nas coisas boas, porque é isso que realmente vale a pena!

De repente Dimitri parou de andar e ficou me observando caminhar a sua frente... Parei olhei para trás e disse:
- Vamos?
Ele disse que não e pediu-me um abraço. Eu o abracei. Então, ele me deu um beijo desses rápidos e instantâneos, tipo “selinho” como se diz... Assustei-me!
- Dimitri, você me beijou?

- É... Eu fiz isso!
Ficamos nos olhando por alguns instantes e quando ele se aproximou novamente para beijar-me, eu o interrompi questionando se ele tinha certeza de que era aquilo que queria realmente... Surpreendi-me com a resposta:
- Sim... E sei que esta é a sua vontade também! Tenho esperado muito por isso, não perca mais nenhum segundo Cecília... Me beije como se fosse a última coisa que foste fazer na vida! Me beije!

O que explicaria a pureza deste momento? Poderia ser o disparar de nossos corações que ali se encontravam novamente durante aquele beijo... Senti uma lágrima rolar no rosto de Dimi, consequentemente no meu também aconteceu a mesma coisa! Abraçávamos-nos muito forte e em seguida ele olhou para mim e disse:
- Incrível como depois de tudo o que aconteceu e de todo este tempo, nossa sintonia continua afiadíssima!
Respondi:
- Nem nunca vai acabar...

- Por quê?

- Somos almas gêmeas, idênticas, o que você sente, acredite, eu também sou capaz de sentir!

Dimitri sorriu e seus olhos brilhavam muito... Começou a cair uma garoa fina maravilhosa, como a que caia em nosso primeiro encontro... Passamos a caminhar de mãos dadas, novamente sem saber o que iria acontecer depois, na verdade eu não queria mesmo saber e penso que ele também não, afinal, nos últimos tempos estávamos tão cansados com tudo, que aquele, um dos momentos mais lindos de nossa história, não deveria ser estragado com preocupações do que dali por diante aconteceria... Andávamos sem destino certo, cantando nossas músicas prediletas, dando gargalhadas, absolutamente felizes com a sensação de liberdade que os sentimentos puros nos causam... Queria que o tempo parasse ali!
Eu não tenho muito a entender nem a pensar sobre o que tudo isso significava ou o que dali aconteceria, visto que Dimitri e eu tínhamos pessoas especiais em nossas vidas e tantas coisas haviam mudado durante todo este tempo de afastamento, mas o que realmente importava ainda estava intacto: Nossa sintonia que era muito pura! Não conversamos sobre isso e acreditei que ainda era cedo para tal! Entretanto tive mais certeza do que na verdade sempre soube; o olhar dele nunca conseguiu me enganar e durante aquele beijo quando nossos olhares novamente estiveram juntos, meu corpo e toda a minha essência gritaram:
- É ele... Sim é ele!

E Dimitri repetia, no embalo de nossa alegria:
- Linda... Linda... Você é a mulher mais linda que já conheci!

E os anjos no céu finalizavam nossa composição tocando os mesmos sininhos que escutamos em nosso primeiro beijo.
- Sim, você está vivo! Nós dois estamos, e o que precisamos saber é que nada tem fim!

Dançávamos ali em meio ao nada na rua, a alegria de viver e amar independente do tempo, escutando a música de nossas mentes e sonhos, tocadas pelos arcanjos e anjos que continuavam no céu assistindo e festejando a pureza de nosso momento.
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Continuará...
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