terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Ensaio Sobre o Nada


Ah!... Doce solidão, vazio que preenche minha essência e me faz continuar ser e não o contrário!
É singular, ama na medida certa e é louca em demasia.
Eis que sou.
O caos traduzido em poesia, sob surtos de intensidade divinamente diabólica... Eu gosto de seu caminhar e de como sinto o seu suspirar em minha pele recitando os momentos em que estou em você e vice-versa. Somos um, perdidos na imensidão inexistente e inerente a qualquer movimento conhecido. Somos um e nossa dança é única.
Sozinha eu me sinto ofegante... Sozinha eu sempre estive e talvez permaneça, pois ninguém conhece este universo infinitamente solitário e ninguém se interessa em conhecer, é pavoroso, mas é onde estou... Se puder decifre, se não, fique onde está... Não se aproxime agora que sou forte.
Quero rolar neste chão de lágrimas e soluços contemplativos misturados a risos, lembrando de quando me sentia viva e meu corpo ainda era quente... De mim e daquele sorriso verdadeiro, resta o vurmo e a pele gélida que sonha quem sabe um dia ser tocada por uma faísca que seja para que então possa reabrir os olhos e se encantar com algum lábio que lhe devolva a vida!
Creio que sinto saudades daquilo que de fato nunca existiu. Nunca verdadeiramente foi e de repente nunca será... As caminhadas são desconexas e vai ser assim para sempre... Ando na ponta dos pés entre o inferno e a calmaria; só um abraço e uma bebida forte resolveria nada mais.
Entretanto, eu quero ficar aqui... Vá e deixe com que eu me jogue contra este vento traiçoeiro que me seduz... Quem sabe não nos encontremos na próxima cremação de nós mesmos!
Que você esteja radiante e eu com mistério no olhar... Mas que estejamos sós... Perdidos dentro de nossas realidades maravilhosamente febris... Projetemos nossas posses em delírios de uma noite, para que quando volte o dia, sejamos livres, caminhando em sentido inverso buscado nosso ego... Solitários, ridículos... Incrédulos humanos.
Saio do plural e volto ao que sou realmente. Olhando para o teto branco, inerte e alheio... Circular, cíclico. Entre brinquedos, letras e cigarros!
 Reduzo-me ao fazer parte disso tudo. Uns chamam de vida, eu chamo de morte superficial.
(...)

***

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