E muito mais forte que a vontade de estar só, é o desejo de
sentir-se bem com as pessoas e com o mundo como um todo, mas torna-se tão difícil
quando o assunto são pessoas e suas atitudes.
Começar assim com um discurso cabal como este é no mínimo
uma tragédia e devo confessar que não é nada diferente do real, dos dias e
horas incongruentes aos quais os deuses permitem essa minha existência passar.
Quando você pensa que tudo caminha em tapetes de primavera, vem
a irracionalidade humana gritar na sua cara que muito em breve virá o outono
anunciar o inverno e que certamente todos os bons momentos vividos em épocas de
verão, irão ficar somente na memória ou mesmo serão esquecidos para o todo
sempre. O simples fato de impor sua personalidade e limites às pessoas que
estão ao seu redor é sinônimo de agressão, é chocante, faz chorar... Abala os
olhos daqueles que só querem o seu bem.
Hoje eu quero expandir como tantas outras vezes fiz aqui
nesse espaço que parece ser o único ao qual necessariamente pertenço... Minhas
ideias, loucas transcrições de meus sentimentos, que se dividem em inúmeras
partes de mim mesma para uma escutar a outra e então alcançar algum
entendimento por mais vago que seja, sobre si, sobre os círculos e os
acontecimentos pintados de beleza trágica, sempre envolvendo pessoas e suas
atitudes por vezes tão nobres e ao mesmo tempo tão cruéis.
Relacionar-se; eis o grande problema da humanidade. Seja em
amizades ou em qualquer outro relacionamento mais intimo, porque as pessoas
teimam em ser responsáveis umas pelas outras? Já não basta o fardo da vida que
foi-nos dado ao nascer de caminhar e cuidar de nossos passos, porque querem sempre
cuidar também do passo alheio? Maldito sentimento maternal jogado aos homens
céus! Apoiados nesta defesa de querer bem e cuidar do próximo perdem-se o
respeito à individualidade e aos limites que cada ser humano tem, em consequência
vem a discórdia e a ignorância de quem preza acima de tudo pela liberdade
integra, que muitos lutaram tanto tempo para conseguir, como é o meu caso.
Talvez eu seja mesmo uma das personalidades mais estranhas
que já se possa ter conhecido na face terrestre e não discuto isso com ninguém,
entretanto sou muito lúcida quando o assunto é imposição de si próprio. Sou o
que sou e diferente disso, não sou! Caminhei por muitos céus e infernos, assim
como os contemplei, para enfim chegar à conclusão que todo ser está e
eternamente ficará sozinho no universo, viemos ao mundo e desde o principio
fazemos nossas escolhas; se vamos querer o peito materno, se preferimos doce ou
salgado, vamos nos apresentando ao universo e afirmando aquilo que somos e
queremos para nós. Somos pássaros e quando voamos assumimos nossas próprias
responsabilidades sobre nossas escolhas. Cada um faz a sua e ninguém tem nada a
ver com isso. Se hoje eu achar que o melhor para mim será atear fogo em minha
cabeça é isso que me fará bem, se amanhã me arrepender disso, exclusivamente
e indiscutivelmente é uma questão a ser resolvida comigo, pois faz parte de
minha individualidade, eu escolhi voar sozinha, eu escolhi viver por mim e não
por ninguém, assim como não quero que ninguém por mim viva.
Grandes amizades e relacionamentos vão por água a baixo,
única e simplesmente pelo fato de as pessoas terem esse maldito hábito de se
sentirem responsáveis pelos outros, não respeitando suas particularidades e escolhas.
Eu nesta noite lamento por isso. Lamento muito mesmo. Mas prefiro morrer
sozinha a estar repleta de amigos e pessoas me dizendo o que fazer e o que será
melhor eu fazer, ainda que isso diga respeito a demonstrações de carinho e
afeto e não julgo este modo de agir e pensar, todo mundo tem o seu. Porém escolhi a misantropia dos cigarros e muito café para minhas madrugadas e gosto
disso, acredite; eu sou assim!
Assumir isso para
minha vida confesso que não é tão simples como parece, mas é o que me faz
sentir bem... E aqui devo colocar em nota o que sempre digo, não é tão fácil
assim ser meu amigo e nem tão pouco preservar a amizade em virtude da
convivência com este meu ser, é que eu me vejo livre e pronta para voar para
qualquer direção, eu não me apego a nada e nem a ninguém que não seja os meus
devaneios que quase sempre são secretos, irreveláveis... Não tenho geografia...
Eu não acredito muito nisso!
Assumo meus erros e por mais que não pareça eu amo todas as
pessoas por quem de certa forma me dedico... Mas não sinto em dizer que ainda
que eu os ame, não interfiro em suas vidas por não querer que façam o mesmo
comigo... Afasto-me, levanto e vou embora mesmo... Deixe-me... O meu jeito que
gostar e amar as pessoas é muito singular... É peculiar.
Ser amigo é aceitar e respeitar as escolhas alheias, sem
repressões ou lições de moral desnecessárias, pois acima de tudo cada um é dono
de sua própria verdade e a desenha como achar melhor, seja indo à igrejas orando
pela paz mundial ou caindo bêbada em um boteco qualquer. Cada um, dono de sua
própria verdade.
Entretanto não me espanto... É apenas mais um de meus fins.
Nem o primeiro e possivelmente não o último. Apenas mais um fim.
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