segunda-feira, 30 de julho de 2012

29 de Julho...


Eu ao final dos treze anos de idade e você em seus vinte anos. O romance secreto, os papos de longas noites, os beijos, abraços, variações sobre a pureza e o inicio da malicia... A descoberta, a proibição, bilhetes escondidos e o desejo do reencontro!
O tempo que passou trazendo os romances que prometiam substitui-lo agregando sensações que me fizeram acreditar nisso... Esquecê-lo! Mas... Um único telefonema tornou presente uma única certeza, eu seria capaz de passar por cima do mundo para ficar do seu lado... E foi o que fiz, briguei e inventei histórias para lhe trazer pra perto de mim! Meu primeiro amor, cheio de experiências ilimitadas, planos e promessas... Lágrimas, certezas; pulsações coronárias descompassadas.
Minha adolescência cheia de rebeldia e antidepressivos... A distância adornava a saudade que era a causa da dúvida, assim chegava à ocasião dos porres homéricos com afirmações de “viver loucamente” para se livrar das dores e os medos do mundo e do amor, apresentação de vida momentânea e uma decisão – deixar você!
Aliança jogada no meio do asfalto... Dor sufocante no peito, porres e noites viradas na rua, risos falsos, soluços e tentativas de suicídio... Sua vida seguindo o curso natural e a minha estranhamente solitária e superficial... Os anos passando com alguns encontros loucos e proibidos, traições, promessas de um eterno reencontro e em uma virada de ano, enquanto eu me perdia em doses etílicas, você me ligou pra dizer que independente do tempo que passasse e de tudo que pudesse acontecer, algum dia, estaríamos juntos de verdade sem nenhum impedimento... Sua respiração do outro lado da linha e minha mente conflitante entre os extremos do amor, ódio, razão e sentimento... Possibilidades, que me fizeram ficar em silêncio, mesmo que essa não fosse a verdadeira vontade.
Mundo girando juntamente com os caminhos completamente desconectados, você no sul, eu no norte, hora no leste e sem compreensão nenhuma no oeste... Vez e outra muito próximos ou alguns telefonemas e visitas com rejeições, eu e você, talvez querendo provar coisas um ao outro que nós mesmos nunca soubemos a procedência, mas que permanecia presente para a instalação da incerteza.
A ação do tempo novamente me trouxe um amor doentio que de mim tirou a crença sobre verdades, sentimentos e confiança e a você um casamento conveniente com a formação de uma família e posteriormente seu fim... Eu continuo caminhando pelo mundo estranhamente solitária e você seguro refazendo sua vida... Entretanto somos como um ciclo vicioso e nos últimos meses, você voltou como uma realidade à minha existência, algo que eu tenho que viver, resolver ou jogar definitivamente à energia do universo.
Onze anos se passaram agora você já passa dos trinta, somos adultos, pessoas diferentes dentro de uma mesma essência.  Hoje é seu aniversário e combinei de lhe ver e passar este dia contigo... Passei a semana empolgada, fiz planos para este momento, finalmente livres... Liguei esta madrugada pra dizer algumas palavras, mas não consegui dizer o que ensaiei! Desliguei o telefone e perdi o sono... Já pela manhã me arrumei para ir lhe encontrar enquanto os pensamentos ferviam em minha cabeça e a ansiedade permeava todo o meu ser...
De repente lembrei-me de seu sorriso, seu abraço; nossas longas conversas... Lembrei-me de seu olhar profundo junto ao meu, do primeiro “eu te amo” e de todas as nossas promessas de eternidade que foram quebradas pelo monstro do tempo... Um filme começou a rodar em minha mente e passei a caminhar sobre pontes desequilibradas, extremos... Céus e infernos... Abismos e ascensões... Frio, calor, delírios... Realidade?  – Medo.
Desisti de todos os planos que fiz durante a semana, todas as palavras ensaiadas na frente do espelho. Chegou o pranto, a lembrança das músicas que cantam nossa história. Tranquei-me na própria existência, pois, sei que ter você novamente em meus braços pode doer e eu não suportaria isso.
Chame-me de covarde... Vai ver é isso mesmo! O fato é que hoje eu não consegui dizer que lhe quero sim... E muito! Porém, meu coração ainda sangra pelo tempo, a solidão e a incerteza destas estradas desordenadas em que passamos...
Eu queria tanto hoje ter corrido para lhe abraçar forte e dizer que doaria a alma a você caso precisasse dela, mas sem forças, desliguei o celular e fiquei em silêncio uma vez mais, perdida na escuridão de meu quarto entre cigarros, bebidas, lágrimas e pensamentos...
Perdoe-me pelo pássaro amedrontado que em mim vive!
É madrugada; o tempo insiste em dizer que já é outro dia... Ainda estou acordada entre muitas conclusões e só quero te dizer que você foi, é e talvez continue sendo a mais real experimentação sobre o amor que já toquei na vida!
... E se ainda posso - Feliz aniversário!
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