Ela Tem Sabor Verdadeiro

Sábado, 09 de Agosto de 2008, 14:25h
Lá estava eu, numa situação não muito comum em minha vida...atrasado!Sim, eu odeio me atrasar!
Não era minha culpa, sabe aqueles dias que você planeja como será da hora que você acorda, até a hora que vai se deitar e durante o dia, aparece empecilhos só pra testar sua paciência?
Bem por aí...
Marquei com uma pessoa às 14:00h e cheguei atrasado, por incrível que pareça, naquele sábado cinza e frio da cidade de São Paulo, rodava nas ruas apenas o ônibus no qual eu me encontrava:-ônibus lotado, sentido centro, à tarde?Se isso não for um teste de paciência, eu desisto de entender o que é!

Contudo, lá estava eu. Se em São Paulo a temperatura girava em torno dos 15...14ºC, meu corpo estava nos 9...8ºC!Não pelo frio, mas pela ansiedade em ver a pessoa, com quem eu marcara o tal encontro.
Cheguei no local combinado e ela não estava lá.Teria se cansado de me esperar, ido embora e quando tivesse a oportunidade de falar comigo, me xingaria dos pés à cabeça, pela minha falta de comprometimento?
Não...Acho que ela não faria isso sem antes saber o que aconteceu.
Meu coração batia cada vez mais descompassado... a hora passava e nada dela.
Eu ainda alimentava a esperança, de repente, não sei...o trem ter demorado, ou alguma pane louca do metrô!

Por volta das 14:45hs, meu telefone tocou.

Sim..era ela!!!
Um nome? – Cecília...Linda Cecília.
Realmente, o que eu imaginei, aconteceu...ela estava lá na hora correta e eu não...Cansou-se e foi para um outro lugar próximo dali..Me ligou e disse que já estava voltando...
E realmente voltou!
A minha ansiedade era grande e quando meus olhos viram aquele ser maravilhoso então me ocorreu outro problema: eu simplesmente não sabia o que dizer.
Meu corpo e absolutamente todos os meus sentidos foram tomados por uma emoção imensa, até hoje procuro explicações, percebo,não encontrei.
A princípio, ela tinha uma aparência fechada, era cuidadosa com as palavras, dona de uma beleza exuberante, o que pouco a pouco, foi me causando uma sensação ainda maior.
Depois de algumas horas de conversa, troca de farpas e algumas lamentações expostas um para o outro, eu via nela tudo que sempre procurei em alguém e não entendia como outrem pudesse rejeitá-la...
Inteligência;sinceridade;caráter;meiguice;respeito pelos sentimentos;ela me falava de seus sonhos...sonhos semelhantes aos meus!Dizia querer construir uma família como manda a tradição e ser feliz, como nos filmes antigos, ela se encantava com o amor!Aquele amor exposto de maneira pura!!
Aos poucos fui me identificando com aquilo tudo e percebia que algumas vezes, ela deixava certas coisas no ar, mas com receio de ser estabanado demais ou ela achar que eu estava aproveitando de um momento de fraqueza que a mesma passava, preferi me quietar.
Risadas, cigarros (ela fumava dando ênfase a sua dor) e depois de muita conversa e identificação mútua, chegou a hora de nos despedirmos,já era tarde e precisávamos ir.
Aproximadamente uns 8ºC em São Paulo.Chuva fina e frio.
Acompanhei ela até a estação onde nos encontramos, até mesmo num gesto de cavalheirismo, pois uma dama sozinha naquele lugar, está sujeita a tudo de pior que existe nesta cidade imunda...Me despedi, e disse que eu teria que voltar pra trás, pra pegar o caminho de casa,num diálogo mais ou menos assim:
Eu Transeunte: Bom querida, vou deixá-la aqui , tenho que voltar pra pegar o ônibus!
Ela Cecília: Puxa, sério? Pensei que fôssemos até o Brás conversando!
Eu Transeunte: Fica pra próxima...
Ela Cecília: Ahhh... "brigadão" mesmo cara, você não sabe o bem que me fez, tô voltando muito feliz pra minha casa...gostei muito de conversar contigo!
Eu Transeunte: - Imagina, pra mim foi mais que um prazer!
E no embalo deste tosco diálogo nos abraçamos, notei ela ficando sem graça, e gaguejando querendo dizer algo.
Percebi o que era, mas novamente com receio de estar enganado, preferi que ela dissesse, foi quando escutei:
Ela Cecília: Cara....
Eu Transeunte: Que foi?
Ela Cecília: Tô com medo de você me achar uma vagabunda.
Eu Transeunte: Se você não falar, nunca saberá o que penso ou deixo de pensar!
Ela Cecília: Bom, vou falar afinal de contas é melhor acordar “arrependida” do que dormir na vontade!
Eu Transeunte: Pare de enrolar!
Ela Cecília: É o seguinte você é uma cara legal, amei a tarde ao teu lado e eu estou com muita vontade de te beijar!
Confesso, durante alguns segundos, eu não acreditei no que escutei. Não era susto mas fiquei surpreso, pois o meu desejo de um dia todo era a vontade dela também!
Me arrependo amargamente de não ter feito como ela...jogado na cara, falado,eu deveria ter gritado no centro de São Paulo esta cidade tão fria de sentimentos, o quanto minha boca ansiava tocar aqueles lábios macios..tão macios quanto aquela pele suave!
Sem nexo de tanta felicidade me veio uma resposta: -Então una a sua vontade à minha!
Nos beijamos!

09 de Agosto de 2008 exatamente as 22:13hs
Meu corpo já estava com uns 40ºC, aquele beijo me aqueceu intensamente de modo que o frio que fazia era irrelevante...Tudo que importava pra mim naquele momento, era aquele beijo...o tão esperado beijo da garota que no início da tarde chegou com um semblante triste,expressando revolta e ódio em cada suspiro e agora ao olhar em seus olhos era notório o brilho que deslumbrava aos meus!Vi ali uma das mais belas imagens do mundo:um sorriso!!
O sorriso que ela me presenteou, foi uma obra surreal, até mesmo incomparável à beleza de um quadro de Monet, Michelangelo....Eu me senti a pessoa mais feliz do universo por ter sido o motivo daquela expressão.

...Nos beijamos e nos abraçamos mais umas três vezes, e por fim nos despedimos realmente...virei as costas com uma vontade imensa de pular aquela catraca, tomá-la em meus braços, e dizer naquele momento mesmo-EU TE AMO!!!
Com certeza, ela iria se assustar e novamente eu seria um estabanado!Resolvi esperar...Esperar até a próxima vez, pra sentir aquele abraço, aquele beijo, e claro a obra prima daquele sorriso...Ahhhhh aquele sorriso,que não me sai da cabeça e provavelmente nunca sairá.

Música: http://br.youtube.com/watch?v=HeowFbvpu0U